sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

A MINHA VIVÊNCIA NA PANDEMIA E O CHILE

 

    

Como todos fui surpreendido pela COVID-19 e algumas datas são bem significativas e suas consequências permanecem, devem durar algum tempo ou permanecer para sempre. Como se sabe falta uma narrativa que confira uma interpretação mais objetivas para a época que vivemos. Até os intelectuais mais significativos como, por exemplo, Iuval Noah Harari ou Edgar Morin, fazem suas avaliações do momento com ressalvas, dada a disrupção da covid-19.

Entre os dias 7 e 16 de março de 2020 minha filha Carolina veio me visitar e, em contato com parentes na Itália, reportava o que lá acontecia. Eu ouvia com certo ceticismo que se morria às centenas e nem podia imaginar os cuidados que me aguardavam.

Minha filha e uma amiga projetavam uma empresa de exportação para a Europa, a covid-19 frustrou este objetivo por enquanto, mas reforçou a atividade de arquitetura que ela vem desenvolvendo ao se fazer necessária a modificação de casas  trabalhar a distância.

Em 16 de março acordei a imaginar restrito meu campo de atuação, passei a ler os estóicos, basicamente Sêneca e Cícero, bem como passei a achar que a História recente teria pouca valia para orientar meu futuro.

Passei a participar de reuniões por zoom controladas a partir da Colômbia, Argentina e Chile, mas com participantes de outros países da América Latina e EUA, mas sempre em espanhol. Por coincidência estreitei relações com o acadêmico Guido Asencio Gallardo e escrevi um artigo em coautoria com o acadêmico Felipe Vicencio Poblete. Ambos chilenos, possuidores de grande envergadura intelectual e com perspectivas diferentes, mas complementares. Durante uma viagem ao Chile fui surpreendido pelas manifestações de outubro de 2019. Maiores detalhes a respeito do que encontrei lá tomariam muito espaço, ao recordar mais parece um filme de aventuras e espero retomar mais vezes este tema.

Aquelas manifestações levaram o Chile a uma reforma constitucional em seu sistema político e, ao invés de se fechar, parece que o povo chileno tem aberto as portas para o interesse internacional.

Ainda que o Chile tenha sido o primeiro país da América Latina a vacinar contra a COVID-19, esta tem produzido reflexos na economia e agravado a desigualdade também lá. Isto torna uma mudança constitucional mais desafiadora.

Embora tenha presenciado muitos conflitos nas manifestações de outubro de 2019, o Chile apresenta um nível muito grande de integração social que permite aos atores políticos de diferentes posições manter um debate de alto nível.

Talvez o que esteja a atrair a atenção de pessoas de diferentes países para o processo político chileno seja a curiosidade sobre como irá se ampliar a representatividade no processo político e ao mesmo tempo manter o funcionamento da economia com integração social e ao mesmo tempo reduzir a desigualdade.

Enfim temas que podem ser interessantes para outros países, inclusive o Brasil.

Publicado em:

A MINHA VIVÊNCIA NA PANDEMIA E O CHILE « Portal Ambiente Legal. Acesso em: 22/jan/2021

MI EXPERIENCIA EN PANDEMIA Y CHILE

 

Como a todos me sorprendió el COVID-19 y algunas fechas son bastante significativas y sus consecuencias permanecen, deben durar un tiempo o quedarse para siempre. Como sabemos, falta una narrativa que dé una interpretación más objetiva del tiempo que vivimos. Incluso los intelectuales más significativos, como Iuval Noah Harari y Edgar Morin, hacen sus valoraciones del momento con reservas, ante la disrupción del covid-19.

Entre el 7 y el 16 de marzo de 2020, mi hija Carolina vino a visitarme y, en contacto con familiares en Italia, informó lo sucedido allí. Escuché con cierto escepticismo que se moría por centenares y ni siquiera podía imaginar la atención que me esperaba.

Mi hija y una amiga estaban diseñando una empresa de exportación a Europa, covid-19 frustró este objetivo por ahora, pero reforzó la actividad arquitectónica que viene desarrollando cuando es necesario modificar casas fuera de las grandes ciudades para trabajar a distancia. Una buena consecuencia todavia, ante los cientos de miles de muertos y tantos que su actividad profesional desapareció.

El 16 de marzo me desperté imaginando mi campo de trabajo restringido, comencé a leer a los estoicos, básicamente Séneca y Cicerón, así como comencé a pensar que la historia reciente tendría poco valor para orientar mi futuro.

Empecé a participar en reuniones controladas por zoom desde Colombia, Argentina y Chile, pero con participantes de otros países de Latinoamérica y USA, pero siempre en español. Casualmente, fortalecí las relaciones con el académico Guido Asencio Gallardo y escribí un artículo en coautoría con el académico Felipe Vicencio Poblete. Ambos chilenos, de gran alcance intelectual y con perspectivas distintas pero complementarias. Durante un viaje a Chile me sorprendieron las manifestaciones de octubre de 2019. Más detalles sobre lo que encontré allí ocuparían mucho espacio, ya que lo recuerdo más como una película de aventuras y espero volver a este tema más a menudo.

Esas manifestaciones llevaron a Chile a una reforma constitucional en su sistema político y, en lugar de cerrar, parece que el pueblo chileno ha abierto la puerta al interés internacional.

Aunque Chile fue el primer país de América Latina en vacunarse contra el COVID-19, ha tenido un impacto en la economía y también ha exacerbado la desigualdad allí. Esto hace que el cambio constitucional sea más desafiante.

Si bien Chile fue testigo de muchos conflictos en las manifestaciones de octubre de 2019, presenta un altísimo nivel de integración social que permite a los actores políticos de diferentes posiciones mantener un debate de alto nivel.

Quizás lo que está llamando la atención de personas de diferentes países hacia el proceso político chileno es la curiosidad por cómo se expandirá la representatividad en el proceso político y al mismo tiempo mantendrá la economía funcionando con integración social y al mismo tiempo reducirá la desigualdad. .

Finalmente, temas que pueden ser de interés para otros países, incluido Brasil.

Publicado originalmente en:

Mi experiencia en Pandemia y Chile – Revista digital CIAPE. Aceso: 22-enero-2021

segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

As Possibilidades do Direito e a Intensa Conexão na COVID-19

          Neste trabalho recuperar-se-á o histórico da internet para destacar a notória disseminação na pandemia na COVID-19 e as possibilidades do Sistema Jurídico neste contexto.

A internet parece ser uma conexão espontânea de redes de computador, surgida na década de 90, todavia é fruto de um planejamento estratégico, resultante de atribuição de capacidade normativa de conjuntura a agências, segundo um modelo próprio do Direito Econômico.

 

Em 1960, a Agência de Pesquisas Avançadas do Departamento de Defesa dos EUA (DARPA) desenvolveu o ARPANET, um sistema de redes de comunicação que, posteriormente, foi ligado a outras redes de computador, estabelecidas por outras agâncias governamentais e universidades norte-americanas.

 

A organização em rede do sistema de defesa dos EUA impedia, durante a Guerra fria, a neutralização do sistema com a destruição, por exemplo, do Pentágono.

 

Durante os anos 70, o DARPA aplicou recursos no desenvolvimento da “rede das redes” que permitiam a comunicação entre redes, os internet protocols (IP). Nessa etapa foi relevante o papel do Dr. Jon Postel (então recém-graduado pela Universidade da Califórnia) que foi contratado pelo Departamento de Defesa para manter a lista dos nomes e endereços dos computadores participantes) posteriormente o DARPA autorizou-o a delegar tarefas à SRI International na manutenção de listas de documentos, tal função passou a ser conhecida por Internet Assigned Numbers Authority (IANA).

 

No início dos anos 80, a internet foi gerenciada pelo DARPA. Entretanto, a tarefa de manutenção da lista de nomes tornou-se onerosa e o sistema de nomes de domínio (DNS), criado com a participação de Jon Postel e da SRI International, foi desenvolvido.

 

No início de 1987, a IBM, MCI e Merit desenvolveram o NSFNET, uma rede de alta velocidade baseada nos protocolos de internet, sob os cuidados da Fundação Nacional de Ciências dos Estados Unidos (NSF). O NSFNET, a maior rede governamental, disponibilizou um “backbone” para conectar outras redes servindo mais de 4000 instituições de ensino e pesquisa em todos Estados Unidos da América. Destacado papel teve a NASA e o Departamento de Energia dos Estados Unidos que disponibilzaram instalações para uso de “backbone” assegurando o sucesso da iniciativa.

 

No início da década de 90, a NSF assumiu a responsabilidade pela porção não-militar da infra-estrutura da internet, incluindo os serviços de registro de domínio.

 

Em 1992, o Congresso norte-americano atribuiu à NSF autoridade para permitir atividade comercial no NSFNET, o que facilitou a conexão entre essa rede com os então recentes serviços de provedores, pavimentando a estrada da atual internet. Em 3 de dezembro de 1992, a NSF firmou um acôrdo de cooperação com a Network Solutions, Inc. para otimizar a atribuição conferida à NSF desenvolver essa atividade. Posteriormente, a Organização Européia de Pesquisa Nuclear, situada em Genebra (Suíça) teve um papel fundamental no desenvolvimento de softwares, protocolos e convenções que formam a internet.

 

Em junho de 1998, o Departamento de Comércio dos Estados Unidos coordenou a comunidade de internet para formar uma organização privada sem fins lucrativos para proceder à coordenação técnica da internet até então exercida pela IANA (pertencente à estrutura governamental norte-americana). Em resposta a essa iniciativa foi criada, no final desse ano, a “Internet Corporation for Assigned Names and Numbers” (www.icann.org), com sede na Califórnia. Uma das principais atribuições da ICANN é supervisionar a política para determinar as circunstâncias sob as quais um domínio de alto-nível é integrado ao sistema.

 

O volume de dados gerados pela internet, cujo modelo tem sido crescentemente transposto para aplicativos usados normalmente em celulares, e o poder de processamento dos computadores tem permitido a utilização de redes neurais, cuja aplicação mais notória é a inteligência artificial.

 

Desde 2015 a China, em virtude do volume de dados que produz e aplicação de recursos em formação técnica em redes neurais e empreendedorismo, tem rivalizado com os Estados Unidos na aplicação de inteligência artificial em “start ups”, mas a China, os EUA e o mundo de uma maneira geral tem enfrentado problemas com as “big techs”.

 

A COVID-19 disseminou de tal maneira o uso da internet que transformou até a atividade de pequenos negócios, o que tem levado executivos a deixarem empresas como Itaúbanco ou Braskem para trabalhar na Ifood.

 

As GAFAM (acrônimo com as iniciais de Google, Apple, Facebook, Amazon e Microsoft), especialmente Facebook e Google, bem como a Alibaba, a gigante de comércio eletrônico entre empresa, sediada na China passaram a ter mais atenção dos órgãos reguladores nos países onde atuam.

 

O Facebook deve responderm por ter adquirido o Instagram e o WhatsApp, pois existem indícios veementes que o o fez para impedir o desenvolvimento de atividades empresariais que lhe poderiam fazer concorrência. Desta forma virou alvo de ações nos EUA, inclusive no Congresso, podendo culminar com o desemembramento do Facebook.

 

O Google tem virado alvo de ações por condutas contrárias ao direito concorrencial como o direcionamento de pesquisas para a compra de bens de consumos para “sites” patrocinados.

 

Facebook e Google devem responder em conjunto em razão do “back up” das mensagens criptografadas do WhatsApp serem armazenadas na nuvem, mantida pelo Google, demonstrando que inexiste sigilo em tais mensagens.

 

Relativamente ao Alibaba e seu controlador Jack Ma têm sido alvos de crescentes questionamentos, em um deles o Partido Comunista afirmou que “se monopólios forem tolerados, e  empresas se expandirem desordenadamente, a indústria não se desenvolverá de maneira saudável e sustentável”. 

 

Tudo isso deverá culminar em ações conjuntas de diferentes países com a ativa participação das regulações existentes na União Européia, que inspirou a lei brasileira de proteção de dados que entrou em vigor durante a pandemia.

 

Parece-nos intuitivo ser insuficiente uma abordagem que, exclusivamente, considere, na disciplina e na solução de conflitos resultantes do uso da internet, textos normativos emanados de um Estado Nacional (como o Brasil).

 

Afinal as normas relevantes para a internet são emanadas de diferentes centros de decisão juridical, como demonstrado. Isso deve engendrar ordenamentos jurídicos diferenciados, cujas normas coexistem no mesmo espaço social, exigindo que a reflexão jurídica avance para crescentemente reconhecer o Direito como um sistema aberto ao ambiente.

Publicado originalmente em: http://conversandocomoprofessor.com.br/2021/01/08/as-possibilidades-no-direito-e-a-intensa-conexao-da-covid-19/ Acesso: 11/jan/2021